José Sócrates - A asneira do costume

Quando se fala em tributar os salários dos jogadores na sua totalidade, temos imediatamente a noção de que é uma medida acertada, afinal, porque é que aqueles salários milionários deveriam ser alvo de excepção? Não devem, concordo.

Mas mais uma vez o governo opta pelo caminho errado, ignorando completamente um factor fundamental, na elaboração das leis para uma sociedade democrática - A justiça Social – Este é o grande erro das sociedades modernas. Ficámos tão cegos com esta ilusão de igualdade, e de inexistência de diferentes classes sociais e de trabalho, como que a viver o sonho da sociedade perfeita, que deixámos de ver o óbvio. As diferenças estão lá, e é preciso lidar com elas.

Nem todos os profissionais do futebol, ganham salários milionários. Muitos há, que nem o salário recebem, o que se torna especialmente gravoso, se levarmos em conta a curta duração da carreira de futebolista. E isto é preciso ter em conta. Juntar todos no mesmo saco, é uma perfeita idiotice. Infelizmente uma idiotice na qual o governo cai com mais frequência do que seria de desejar.

Cabe aos sindicatos dos jogadores, obrigar o estado português a fazer essa distinção, entre os que ganham fortunas e os que mal ganham para comer. É totalmente irresponsável, tributar por igual, diferentes escalões de rendimentos, assim como, também é inadmissível, que autênticas fortunas continuem a beneficiar de um regime de excepção que não tem qualquer razão de ser e chega a ser uma afronta para a maior parte dos portugueses.

O estado tem definitivamente que abandonar o caminho da demagogia, e do facilitismo, desprovido de senso e sentido social. Diferenciar realidades diferentes e criar mecanismos que não permitam abusos por parte de todos os que possam ver aqui mais uma oportunidade para contornar a legalidade.