Quase fazia lembrar a Carolina. Foi à judiciária, prestou declarações, e perdoem-me o termo, “enterrou-se”. A primeira, porque reconheceu ter sido parte activa num crime de agressão, o segundo, João Pinto, porque além de ter prestado falsas declarações, e por isso, ter sido constituído arguido, ainda incorre provavelmente num crime de fraude fiscal, pois não declarou os rendimentos recebidos, relativos ao prémio de assinatura, pelo Sporting.

Mas é aqui que o caso se adensa. José Veiga, face aos últimos dados, sai desta equação, mas esta, continua complexa e difícil de resolver. O jogador alega que a verba recebida seria líquida e por isso, livre de impostos, que ficariam a cargo do Sporting, por sua vez o clube alega exactamente o oposto, que pagou essa verba e que o pagamento dos respectivos impostos ficariam a cargo do futebolista.

O Sporting sai aliás, muito manchado de toda esta história, primeiro porque tentou passar a ideia aos sócios e adeptos de que esta mediática transferência tinha sido a custo zero, depois porque elaborou contratos paralelos, que mascarou de “direitos desportivos”, e escondeu, até ao jornal “Público”, ter revelado a sua existência, terceiro, porque não terá eventualmente pago os impostos devidos relativos a esse mesmo contrato.

Afinal, se a história é, como o Sporting a conta, ou seja, que deveria ser o jogador a pagar os respectivos impostos, não existiriam razões, para ter realizado um segundo contrato, e muito menos, pago a uma empresa estrangeira, contrato esse, relembro novamente, que manteve no segredo dos Deuses, e só deu entrada nos relatórios do clube 5 anos depois de ter sido efectuado. Cheira mal, não cheira???

Amanhã, irá decorrer um interessante seminário – “Profissionalização da Arbitragem Será possível?”, sobre o olhar atento de Hermínio Loureiro.

Um dos pontos fulcrais a ser abordado, será a possibilidade de os árbitros se poderem profissionalizar como contratados, e encarar a arbitragem como a sua principal actividade de trabalho, se bem que podendo ser não exclusiva.

Várias questões impõem-se porém, e apesar de não poder participar no seminário deixo aqui algumas questões que gostaria de ver esclarecidas nesse mesmo encontro, a primeira das quais, reside numa dúvida muito simples – Poderão os árbitros enquanto contratados, ver os seus contratos revogados? Ou seja, uma vez que à partida lhes são dadas mais condições de trabalho, de análise aos jogos e jogadores, de reflexão sobre erros cometidos, também seria lógico que se lhe imponham outras responsabilidades, entre as quais, a de poderem ver o seu contrato não renovado, em caso de manifesta incompetência, no desempenho das suas funções, tal qual, qualquer outro profissional, e sendo assim, a quem caberia essa decisão?

Se tal não acontecer, podemos enfrentar outro problema, o da existência de contratos vitalícios e independentes da competência do trabalhador, o que seria inadmissível, não caíssemos novamente no erro de criar um estatuto de excepção no futebol, algo que, actualmente, estado e liga se propõem a terminar.

Por outro lado, terá também, que ficar definido que identidade irá decidir quais os valores a pagar a estes novos profissionais, e se o facto de não serem obrigados a um regime de excepção, não irá levar a uma situação próxima da que já temos hoje, se bem que algo invertida. Como é lógico o regime de excepção não tem qualquer razão de ser, mas é necessário que a liga crie mecanismos que permitam controlar situações que não se coadunem com a conduta, que o árbitro deve ter em conta, enquanto profissionalizado.