Um mundo à parte

O futebol, vive, sem dúvida alguma, com leis e condicionamentos muito próprios, que em nada se coadunam, com um estado de direito democrático.

Semana após semana, os cantos obscuros que envolvem este mundinho muito próprio, deixam escapar, os seus podres mais escondidos, os quais por sua vez, nos vão mostrando até que ponto, o jogo de influências, a corrupção ou o simples compadrio, ainda perduram num país que se diz primeiro mundista.

O polémico livro de Carolina Salgado, traz novamente a lume uma das questões que considero mais importantes - A constante quebra do segredo de justiça – É verdade que este não é um problema de pertença exclusiva ao futebol, (relembremos por exemplo o caso Felgueiras), mas é declaradamente, um importante factor que vai de forma progressiva minando a confiança do cidadão na justiça. As constantes fugas de informação, perpetradas por elementos que vão desde agentes judiciários, a funcionários judiciais, são simplesmente inadmissíveis e incompreensíveis nos dias que correm, e cabe a quem de direito, levar a cabo uma profunda e minuciosa investigação, com vista a terminar de vez, com a lei do mais poderoso, ou melhor, para o poderoso…

Mas a obscuridade não termina por aqui. A constante – Fuga ao Fisco – levada a cabo pelos agentes desportivos, é de conhecimento comum, mas de consequências nulas. De contratos paralelos, a salários declarados pela metade, a transferências que passam necessariamente pelo já nosso velho conhecido, offshore, tudo serve para camuflar, as ilegalidades praticadas por clubes e jogadores. Depois, temos ainda, os habituais desvios financeiros nas transferências de jogadores entre clubes, e de que são exemplo casos sob investigação, como o de Mantorras, ou de João Vieira Pinto.

Felizmente, quer pela voz particular de uns, quer pela mão pesada, mas muito lenta e meio cega da justiça, estas acções, passam cada vez menos em claro. Assim o exigem, todos os que gostam do futebol pelo que é, e não pelo que se tornou.